Está provado: gatos reconhecem e reagem à voz dos tutores!
Os bichanos conhecem e gostam dos tutores!
É de espantar a quantidade de informações erradas a respeito dos gatos que ainda circulam no imaginário popular. E uma das principais falácias é que eles não estão nem aí para os tutores.
Bom, quem convive com bichanos sabe o tamanho dessa bobagem e o quanto eles podem ser apegados aos donos. Mas vamos deixar de lado esse “papo de tutor” e tomar como base apenas a ciência, tudo bem?
Isso porque um estudo publicado pela revista Animal Cognition veio para colocar de vez em xeque a ideia de que os gatos não são capazes de criar vínculos com humanos.
De acordo com a pesquisa, os felinos tendem a mudar de comportamento quando ouvem a voz de seu tutor falando em um tom direcionado a eles — mais precisamente aquela “vozinha de bebê” que a gente tanto conhece. O mesmo acontece quando ouvem a voz de um estranho ou a do tutor falando com outra pessoa.
O estudo foi conduzido pela Dra. Charlotte de Mouzon e demais cientistas da Université Paris Nanterre, na França, a partir da análise do comportamento de 16 gatos.
A pesquisa consistiu em gravar os 16 tutores e um estranho falando frases em tons dirigidos a gatos e humanos — no caso, com a “vozinha de bebê” e com a fala natural. O experimento tinha três condições:
- Na primeira condição (ou fase), mudava-se a voz do falante de um estranho para a do tutor do gato;
- Na segunda condição (ou fase), alterava-se o tom usado (direcionado ao gato ou direcionado ao adulto) para a voz do tutor;
- Na terceira condição (ou fase), alterava-se o tom usado (direcionado ao gato ou direcionado ao adulto) para a voz de um estranho.
Descobrimos que quando os gatos ouviam seus donos usando uma voz aguda, eles reagiam mais do que quando ouviam seu dono falando normalmente com outro adulto humano. Mas o que foi muito surpreendente em nossos resultados foi que na verdade não funcionou quando veio da voz de um estranho — explicou a Dra. Mouzon.
Foram levados em consideração comportamentos dos bichanos como repouso, movimentação da orelha, dilatação da pupila e movimentação da cauda, verificando a diferença da intensidade antes e depois de ouvirem os áudios.
Suas reações foram muito sutis. Pode ser apenas mover uma orelha ou virar a cabeça em direção ao alto-falante ou até mesmo congelar o que eles estavam fazendo — disse Mouzon.
No final, tivemos ganhos realmente claros na atenção do gato quando o dono estava usando a fala dirigida (voz de bebê) — completou.
A primeira fase (ou primeira condição) da pesquisa resultou em 10 dos 16 gatos mostrando diminuição na intensidade do comportamento quando ouviram a voz do estranho chamando o nome deles.
Ao ouvirem a voz do tutor, no entanto, a intensidade de comportamento aumentou de maneira significativa. Isso mostra que os bichanos sabem muito bem distinguir a voz dos tutores e reagem a ela.
Os gatos estão prestando muita atenção aos seus cuidadores, não apenas ao que eles estão dizendo, mas como eles estão dizendo — afirmou Kristyn Vitale, uma das participantes do estudo.
Já na segunda condição, 10 gatos (8 deles também estiveram presentes na primeira fase) reagiram de maneira menos intensa ao ouvirem os tutores falando em um tom direcionado para adultos, mas aumentaram significativamente ao ouvirem o “tom de bebê”. A mudança na intensidade do comportamento não foi encontrada na terceira condição.
Apesar de ser uma amostragem ainda pequena e que necessita de maior aprofundamento, os resultados trazem uma nova cara sobre as relações entre gatos e humanos, com a comunicação dos pets potencialmente contando com a experiência da voz de quem fala.
Os gatos não fazem o que você espera que eles façam. Mas se os gatos não vêm quando os chamamos, pode ser porque eles estão ocupados fazendo outra coisa, ou eles estão descansando. As pessoas têm esse tipo de expectativa, porque quando você chama um cachorro, o cachorro vem. Mas se você chamar um ser humano quando ele está tirando uma soneca do outro lado da casa, você iria? — concluiu a Dra. Charlotte de Mouzon.