Onça-parda portadora de Aids felina busca adoção para evitar sacrifício

Onça-parda portadora de FIV luta pela vida e busca abrigo adequado para evitar eutanásia.

Uma onça-parda portadora do vírus da imunodeficiência felina (FIV), também conhecido como Aids felina, enfrenta um futuro incerto e busca adoção para evitar ser sacrificada. Capturada após comer galinhas em uma propriedade dentro de uma unidade de conservação em Sana, a onça foi diagnosticada com o vírus, colocando-a em risco de eutanásia, mesmo sendo assintomática.

Especialistas em conservação e autoridades ambientais enfrentam um dilema: manter a onça em isolamento e prisão perpétua, ou sacrificá-la para proteger outras onças e a espécie como um todo. Enquanto isso, a onça-parda depende da disposição de uma instituição ou pessoa com recursos e autorização legal para oferecer um lar adequado, seguro e tecnicamente apropriado.

O dilema da onça-parda: prisão perpétua ou eutanásia

A situação dessa onça-parda traz à tona um dilema ético e complexo para os envolvidos na conservação da vida selvagem. Manter o animal em isolamento e prisão perpétua seria a única alternativa para garantir sua sobrevivência, mas isso significa negar-lhe a chance de viver livremente em seu ambiente natural. Por outro lado, eutanasiar a onça assintomática, mesmo que seja uma medida extrema, poderia ser considerada uma opção para proteger a população geral de onças-pardas e garantir a preservação da espécie.

Embora a legislação permita a eutanásia em casos como este, os profissionais envolvidos no caso da onça-parda preferem buscar soluções que possam proporcionar uma vida mais digna ao animal. O principal desafio é encontrar alguém ou uma instituição com recursos suficientes e autorização legal para mantê-la em um espaço seguro e adequado. Enquanto isso, a onça permanece em um centro de triagem, em condições temporárias, aguardando uma solução para seu futuro incerto.

Adoção como única salvação: busca por instituição ou pessoa disposta a ajudar

A esperança para esta onça-parda reside na possibilidade de adoção por uma instituição ou pessoa disposta a assumir a responsabilidade de cuidar do animal. O adotante ideal deve ter autorização legal e recursos financeiros para garantir a segurança e o bem-estar da onça em um recinto amplo e tecnicamente adequado. O objetivo é proporcionar um ambiente que, mesmo isolado de outros animais, permita que a onça-parda sinta-se em contato com a natureza e possa viver com qualidade.

No entanto, encontrar tal adotante tem se mostrado uma tarefa desafiadora. Até o momento, nenhum refúgio de vida silvestre ou proprietário de terras com as condições necessárias se apresentou para acolher a onça. Especialistas e profissionais envolvidos no caso continuam buscando alternativas e fazendo apelos à sociedade na tentativa de encontrar um lar adequado para o animal. Enquanto isso, a onça-parda permanece em um centro de triagem, aguardando que alguém ou alguma instituição se disponha a ajudá-la e evitar que seu destino seja a eutanásia ou uma vida em cativeiro permanente.

Um ano de sofrimento: a história da onça-parda

Momento do resgate: maus tratos e desnutrição

A triste trajetória da onça-parda teve início há mais de um ano, quando o animal foi capturado após atacar um galinheiro em uma propriedade localizada dentro da Área de Preservação Ambiental (APA) de Macaé de Cima, em Sana. Embora não representasse risco para seres humanos, a onça foi aprisionada ilegalmente pelo dono da propriedade e mantida em condições precárias, sem água e comida, por vários dias.

A situação só começou a mudar quando a esposa do proprietário entrou em contato com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e solicitou a remoção da onça. Técnicos do Inea e o veterinário Jeferson Pires, chefe do Centro de Reabilitação de Animais Selvagens (Cras) da Universidade Estácio de Sá, resgataram o animal, que estava desidratado, desnutrido e infestado de parasitas.

A intenção inicial era reabilitar e soltar a onça-parda de volta à natureza. No entanto, exames realizados durante o período de recuperação revelaram que ela era portadora do vírus da imunodeficiência felina (FIV). Diante desse diagnóstico, a possibilidade de libertação foi descartada, dando início a uma busca desesperada por um lar adequado para o animal.

Enquanto aguarda uma solução, a onça-parda já passou por diversos centros de reabilitação e triagem. Atualmente, ela está no Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Cetas/Ibama), em Seropédica, na Baixada Fluminense. Embora esteja completamente assintomática e fisicamente apta para retornar à natureza, a onça segue em cativeiro, longe de seu habitat e de outros animais de sua espécie.

O caso da onça-parda é um exemplo claro do impacto negativo da ação humana sobre a vida selvagem. A luta de especialistas e profissionais em busca de um lar adequado para o animal continua, na esperança de que ela possa ter um futuro mais digno e feliz do que o caminho de sofrimento que já percorreu.

A incerteza sobre o vírus da imunodeficiência felina (FIV)

O vírus da imunodeficiência felina, conhecido pela sigla FIV, é uma das principais razões pelas quais a onça-parda encontra-se em um dilema tão difícil. Similar ao vírus HIV em humanos, o FIV causa uma queda progressiva na função imunológica do animal infectado, tornando-o mais suscetível a outras doenças e infecções. No entanto, nem todos os gatos com FIV apresentam sintomas da doença, o que é o caso da onça-parda em questão.

Em termos gerais, o FIV não é considerado uma ameaça à população de onças-pardas. Acredita-se que o vírus seja pouco prevalente entre os animais selvagens e que a transmissão ocorra principalmente através de mordidas profundas, algo que tende a acontecer mais frequentemente entre gatos domésticos que disputam territórios. Contudo, a possibilidade de a onça-parda em questão vir a transmitir o vírus para outros animais é um fator que pesa contra a sua libertação.

Por outro lado, existe um debate entre os especialistas sobre a gravidade da ameaça representada pelo FIV. Muitos argumentam que o risco é baixo e que, dado o estado de saúde da onça, ela deveria ser liberada. Porém, na ausência de um consenso e de diretrizes claras, o destino da onça permanece incerto.

A onça-parda é, portanto, um caso emblemático que ilustra a necessidade de mais pesquisas sobre o FIV e suas implicações para a vida selvagem. Afinal, decisões fundamentadas em dados científicos robustos são essenciais para garantir o bem-estar dos animais e a preservação das espécies.

Um raio de esperança para o jovem puma

Apesar das adversidades enfrentadas pela onça-parda e da dificuldade em encontrar um local adequado para ela, existe um raio de esperança em meio a essa situação desafiadora. Nos últimos meses, organizações não governamentais, ativistas e amantes dos animais têm se mobilizado em busca de soluções para o impasse, a fim de proporcionar um futuro melhor para o jovem puma.

Através das redes sociais e de campanhas de conscientização, pessoas de todo o país têm se unido em prol da causa. A visibilidade gerada pelo caso tem motivado outras instituições a considerarem a adoção da onça-parda como uma opção viável. Diversos santuários e reservas ecológicas têm sido contatados, na esperança de que algum deles possa oferecer um ambiente seguro e adequado para o animal viver.

Além disso, o caso tem chamado a atenção de especialistas em conservação animal e medicina veterinária, que têm compartilhado informações e discutido abordagens para lidar com situações semelhantes no futuro. Essa troca de conhecimentos pode levar a avanços no entendimento do FIV e na maneira como animais infectados são tratados e reintegrados à vida selvagem.

É importante ressaltar que, apesar das dificuldades e desafios enfrentados, a perseverança e o empenho das pessoas envolvidas na busca por soluções trazem esperança para o futuro do jovem puma. A mobilização da sociedade em torno dessa causa evidencia a crescente conscientização sobre a importância da preservação da vida selvagem e do equilíbrio dos ecossistemas.

O destino da onça-parda ainda é incerto, mas os esforços em curso para encontrar um lar adequado demonstram que, mesmo em situações adversas, há espaço para esperança e ação em prol da conservação e bem-estar dos animais.

A situação das onças no Rio de Janeiro e a busca por soluções

A presença de onças-pardas no Rio de Janeiro tem sido motivo de preocupação para ambientalistas e autoridades, já que a crescente urbanização e a degradação do habitat natural desses animais têm levado a um aumento nos casos de conflito entre a vida selvagem e os seres humanos. A falta de espaços adequados para abrigar animais resgatados ou em situação de risco é uma questão urgente que precisa ser enfrentada para garantir a sobrevivência desses felinos e o equilíbrio dos ecossistemas locais.

Diante desse cenário, instituições públicas e privadas, bem como organizações não governamentais, têm buscado soluções para lidar com os desafios associados à preservação das onças-pardas no estado. Ações de conscientização, programas de proteção e manejo de habitats, e a criação de centros de reabilitação e santuários são algumas das iniciativas que estão sendo discutidas e implementadas para garantir um futuro mais seguro para esses animais e para a biodiversidade como um todo.

(Fonte)

Mariana Silveira
Mãe, blogueira, apaixonada por animais em geral, especialmente pelos gatos.
Veja mais